“Mas você vai sozinha?” é uma pergunta que você com certeza já ouviu em algum momento dessa vida, caso seja mulher. Não importa se é para algo trivial como chegar até uma festa à noite ou (e talvez principalmente) quando se vai viajar. Esse também é o nome do novo livro da Gaía Passarelli.
Talvez você conheça Gaía da época da MTV, quando era VJ no canal, mas ela também teve projetos com o Google, Rede Cultura e grupo Abril. Hoje em dia é uma das hosts do canal de youtube 3 Travel Bloggers e escreve pra Matador Network e Revista TPM, fora o How To Travel Light, que é seu projeto próprio – e vale a visita (;
No “Mas Você Vai Sozinha?”, ela relembra algumas histórias de viagens com bom-humor e ilustrações lindas feitas pela Anália Moraes. E nada de esperar, sei lá, dicas das melhores lojas de NY, viu? São histórias “sobre ser consolada por um xamã andino, molhar os pés nas águas do mar no extremo sul da Índia e dormir debaixo de uma mesa de bar no Texas”.
O lançamento, caso tenha batido a curiosidade por aí, acontece aqui em São Paulo no dia 27 de setembro (próxima terça!), na Livraria da Vila da Fradique Coutinho. Ele será aberto para o público e conta com um bate-papo da Gaía com a Babi Souza (do “Vamos juntas?”) e a Anália Moraes. Todos os detalhes estão aqui.
Antes disso, conversei com ela para saber mais sobre o processo do livro e outras curiosidades que você pode acompanhar aqui:
Como foi a transição de escrever sobre música para começar a escrever sobre viagens?
Eu comecei a escrever por gostar muito de musica, daí isso me levou a viajar a trabalho, que me levou a escrever sobre viagem. É um ciclo que na minha cabeça faz sentido. Não foi planejado e é uma transição que ainda acontece pq ainda tem gente que me chama pra escrever sobre música, que é um assunto que continua parte da minha vida, (tô escrevendo pra você ouvindo Peals) mas do qual eu tive que me afastar um pouco pra me dar a chance de fazer outras coisas.
Você já escreveu para blog, revista… Para livro foi a primeira vez, certo? Sentiu muita diferença no processo?
O meu livro é baseado em histórias que eu tinha em cadernos e em posts do blog. O processo foi muito de recuperar essas histórias, relembrar, reescrever. Foi mais longo e mais difícil do que eu imaginava, mas também bem menos solitário do que eu supunha, porque depois de escrever tem que editar e finalizar e isso você não faz sozinha. Se eu fizesse tudo sozinha o livro seria bem mais pobre.
Foi escolha sua ter uma equipe 99% feminina? Não sei como é para viagens, mas sempre fico com a sensação que os homens dominam revistas e portais de música.
Poderia ter sido proposital, mas não foi. Aconteceu por acaso e foi muito positivo, teve um coleguismo feminino, de não competir, de ouvir, de ajudar, que tornou o processo muito fácil e alegre. Sobre o mundo musical: não é sensação sua, não! Existe essa coisa, não assumida, de que “homem é que manja”. Então até tem mulher no meio, mas é sempre alienígena. A indústria musical não oferece alternativas ao machismo porque repete os mesmos problemas do “mundo real”: cargos de chefia estritamente masculinos, objetificação da mulher, diferenças de salários. A solução? Mulheres unidas, criando coisas, encontrando as dificuldades em comum e se ajudando. Sempre!
Sei que tem várias histórias no livro… Mas o que você diria para uma mulher que quer viajar sozinha e ainda não criou coragem?
Arruma um globo terrestre, roda ele e onde seu dedo parar é o lugar pra você ir, rs. Não, sério: pensa um lugar pra onde você sempre quis ir e planeja a viagem. A coisa de planejar viagem sempre me deixa super animada, acho a parte mais legal. Então pra quem está procurando coragem, esse processo de planejar e sonhar pode ser um incentivo.
Tem alguma dica para nos sentirmos mais seguras?
Não tem outra solução pra isso a não ser encontrar a sua própria segurança. Preste atenção, saiba onde está, com quem, pra onde vai. Não estou falando da neurose de planejar tudo sempre. Até porque as coisas dão errado sim, independente de gênero e em qualquer lugar. Mas é que quando você está no controle da sua viagem, entendendo onde está pisando, você está mais segura com você mesma – e isso faz toda diferença do mundo. Meio auto-ajuda, né? Mas é real.
Se pudesse escolher algum artista para dividir o quarto em uma viagem, quem você acha que daria um bom roomie e por quê?
A Patti Smith, porque ela só viaja com bagagem de mão e curte ficar na dela, lendo e escrevendo. E gosta de café, de tarot e de conversar com as pessoas na rua. Fora que já viajou o mundo todo e tem altas histórias. É isso: a Patti Smith seria minha companhia de viagem ideal!
Você já conheceu vários lugares, tem algum que ainda não foi e quer muito ir?
Nossa, o mundo todo! Eu sou uma pessoa que se você chama pra ir pra Jundiaí, eu topo. Tenho muita vontade de ir pra Turquia, pros países do norte da África como Tunísia e Marrocos e países menores da América Central como Honduras e Nicarágua.
E qual viagem você já fez e indicaria para outras pessoas sem nem pensar muito?
Colômbia. É perto, é barato e tem de tudo: cidades históricas, praias maravilhosas, montanhas, selva e o melhor café do mundo! E Portugal, que é um país lindo e muito bom de visitar, onde temos a facilidade da língua e onde a comida é sempre incrível.