Hoje, “O Sol Nasceu Pra Todos”. O primeiro álbum do Antínoo chega como um antídoto contra a intolerância e o desgoverno. Entre as oito faixas, passamos por uma jornada existencialista que consegue extrapolar tempo-espaço com todas as suas reflexões e críticas.
Em nossa conversa, fica clara a intenção do músico em criar pontes.
(inclusive, essa foi a primeira parte desse papo que continua na terça)
E é isso exatamente o que ele consegue sonoramente. Formado em música popular, suas influências na cultura brasileira são muitas e densas. De Noel Rosa à poetisa Cora Coralina, percebemos nuances oitentistas, MPB, samba de roda e funk diluídos numa roupagem atual e pop.
“Eu busquei misturar tudo que me toca, tudo que me emociona. Sobretudo busquei ser o mais brasileiro possível, misturando nossos sons, nossas reconhecidas peculiaridades. De alguma forma, dar forma ao mistério do planeta”.
O grande trunfo desse primeiro trabalho é tornar gêneros mais acessíveis. Aproximar a pista a suas origens e renovar o interesse por outros ritmos em uma grande ode ao país, sem fechar os olhos para suas muitas contradições.
A própria capa, assinada por Gustavo Paim, retrata o Brasil de cabeça para baixo. “Nós vivemos em uma constante espiral do caos. Com essa imagem em mente, eu busquei junto do Gustavo Paim, o designer que trabalhou comigo neste projeto, pensar em uma forma gráfica para expressar esse conceito. (…) Nos inspiramos no trabalho de grandes designers brasileiros como Aloísio Magalhães, Rogério Duarte, Bea Feitler, Eugênio Hirsch e Rubens Gerchman, para chegar nesse resultado, fazendo referência ao proeminente design gráfico brasileiro dos anos 1960”, o músico explica.
A escolha de “Marginália II” – tão atual hoje quanto em seu lançamento – como abertura do álbum também foi cirúrgica. Nela, Antínoo exprime sua identidade muito bem formatada, criando um funk ao violão para acompanhar a letra, muito inspirado por João Gilberto.
Na sequência, vem a dobradinha de singles que precederam o lançamento: “Olhos Emocionados” e “Exaltação”. A segunda, aliás, já foi tema aqui há um tempinho e, vale acrescentar, é um dos pontos altos do álbum.
Amor, superação, a busca por reconhecimento e pela nossa própria essência ditam o tom a partir daí em letras atemporais. Dê o play para ouvir esse lançamento em primeira mão aqui no Shelter: