O quarteto Pure, metade de São Paulo, metade de São Caetano do Sul, tem despontado nas noites paulistanas e, além de concorrer ao prêmio de banda revelação na Dynamite, ainda foi finalista do concurso Rock on Top para abrir o Planeta Terra e do concurso para abrir o show do Paul Banks no Brasil.
Isso se deve, em parte, ao belo background dos músicos. O baixista Fernando Freire é do Garotas Suecas, além de tocar no Pure. Ricardo Shalom, o novo batera, mostrou que já veio na pegada. Já Bela Fern e Icaro Scagliusi não compõe de hoje e já trabalharam juntos em projetos anteriores. A outra, e grande, parte é a sonoridade que hora busca influência no grunge, hora nos anos setenta e sessenta, fazendo bonito frente a muita banda gringa por aí.
“Control”, o disco novo, traz nove faixas, mas deixa aquele gosto de “quero mais”. A banda comentou um pouco sobre cada uma delas com exclusividade para o Shelter, então acompanha aqui enquanto ouve na íntegra:
Control
Control é uma música feita pra ser uma espécie de rock pista, ela tem uma bateria inspirada em bandas como Joy Division, mas com um riff bem roqueiro e paranoico que serve pra combinar com a letra que fala sobre vícios e mania de fazer as mesmas coisas sempre e se arrepender depois. Tipo quando você acorda de ressaca e fala que nunca mais vai beber.
Suicide
Suicide surgiu inspirada em David Bowie, mas acabou tomando um rumo da sonoridade anos 90. Interessante é que a base dela foi gravada com um violão ovation plugado num vox ac 30 com afinação aberta e drive. A letra tem um quê de humor para as pessoas que já pensaram em se matar.
Walk out
Ela foi feita pra ser um rock simples e divertido. Inicialmente inspirado no som dos anos 60, mas quando o arranjo foi feito e a voz foi entrando, ela tomou um caráter muito mais contemporâneo. A melodia fizemos pensando em Blur.
Dora Lee
Dora Lee surgiu totalmente inspirado em bandas como Pixies, Siouxsie e alguns sons dos anos 90. Acredito que adicionamos bem esses elementos dentro do nosso mundo. A letra é sobre uma menina muito danadinha.
Happiness is a Warm Puppy
O título é uma brincadeira com uma música dos Beatles, assim como a música tem muita influência do disco Ram do Paul McCartney, só que com muitos revebs no slide guitar, dando um ar nostálgico. A ideia surgiu de um riff quando Icaro tentava transformar um samba em um blues. Nada disso aconteceu e saiu esse tema que permeia a música que pra gente parecia um cachorro andando, algo meio Snoopy. A letra é feita pro cachorro da Bela, o Miles.
Forbidden Love
A música que mais tem influência de R’n B. Muito importante isso pra uma banda de rock. Ela inicialmente ia ter algo de anos 50, mas no estúdio acabou ganhando uma arranjo inusitado cheio de pausas e ambiências. A letra é sobre um amor mal resolvido. Algo que começou errado e promete assim ficar… hehe
Stop and Breath
Puro rock cheio de riffs com afinação de blues inspirado em bandas como Led Zeppelin, The Kinks e Pink Floyd, com direito a passagem psicodélica e solo de voz.
A letra fala a sensação de você descobrir que foi passado pra trás e tentar vários tipos de tratamentos com remédios ou meditação. Tudo isso pra não ser você afogar a raiva e não se tornar violento ou vingativo.
Disco Boots
Outro rock cheio de riffs inspirados nas bandas pré-punks. A letra narra um dia na vida de um travesti. Um travesti baladeiro.
Let me loose
Essa música surgiu quando Icaro estava assistindo TV e tinha uma trilha de música eletrônica tocando. Ele tentou ver se dava pra fazer aquilo na guitarra e no fim acabou saindo esse riff que nada tem a ver. A bateria contínua e o vocal jazzístico deixa a música bem viajante e com uma sonoridade mais sofisticada do que o resto do álbum. A letra é sobre pessoas que cuidam demais da sua vida a ponto de te sufocar.