Começar livros sem saber muito bem onde estou entrando se tornou uma especialidade. Às vezes dá errado, às vezes dá bem certo. Com “How to Sell a Haunted House”, foi o último caso.
Como o próprio nome entrega, o livro mais recente de Grady Hendrix gira em torno de uma casa mal-assombrada. Mas vai um pouco além. Também explora o luto e relações familiares um tanto quanto complicadas (alô, Mike Flanagan!), tudo isso com uma pitada bem campy, como em Chucky.
Sem entregar muita coisa do enredo, o livro começa com Louise Joyner recebendo uma ligação de seu irmão, com quem não tem mais muito contato. Seus pais morreram em um acidente de carro. Em meio ao luto e tretas burocráticas, ela deixa a filha e volta para sua cidade natal, onde os dois decidem colocar a casa da família à venda.
O primeiro problema: a mãe deles, além de acumuladora, fazia fantoches e bonecas. Centenas deles. Te olhando de todos os cantos. O que não ajuda muito a valorizar qualquer imóvel. A partir desse primeiro instante, é ladeira abaixo para os Joyner.
E essa primeira camada da história, por si só, já seria o suficiente para prender o leitor. Tem muito daquele terror campy que encontraríamos em Chucky ou Scream, por exemplo, capaz de arrancar sorrisos sinceros com as situações mais esdrúxulas, mas com ação e um suspense psicológico que faz com que os capítulos pareçam sempre curtos demais.
Mas muitas outras camadas agregam à leitura, inclusive a própria divisão dos capítulos (que deu um toque todo especial à narrativa), criando paralelos, permitindo muitas possíveis leituras.
A dinâmica familiar é explorada por meio de flashbacks que trazem contexto e nuances para a relação dos dois irmãos – e é um alívio não ter personagens inteiramente bons, ou ruins. E você se pega mudando de opinião sobre eles algumas vezes durante a leitura.
Para quem esperava só boas risadas de um terror despretensioso, “How to Sell a Haunted House” chega chegando com um pacote completo, brincando com clássicos do terror.
Nota: ★★★★
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