Resenha: Uma Coisa Absolutamente Fantástica – Hank Green

Sabe quando o livro chega no momento certo? Então, mesmo que a Editora Seguinte quisesse, não poderia ter lançado “Uma Coisa Absolutamente Fantástica” em um momento mais propício.

Essa foi uma daquelas leituras que comecei devagar, lendo umas páginas por dia, até pegar o ritmo e devorar as últimas 200 e poucas páginas de uma só vez. Hank Green teve a habilidade de unir sci-fi à literatura juvenil, trazendo sarcasmo e algumas críticas não tão veladas.

Para começo de conversa, April May, nossa protagonista, está longe de ser perfeita – o que foi um verdadeiro alívio para mim (para outras resenhas que já li, nem tanto). Afinal, qual é a graça de encontrar sempre o mesmo tipo de protagonista feminina, não é mesmo?

A narrativa é toda em primeira pessoa e acompanhamos a guinada que a vida dela dá depois que grava um vídeo despretensioso de um robô gigantesco que simplesmente aparece da noite para o dia em plena Nova York. Explico: ela até acha que é uma obra de arte, mas logo no começo descobrimos que o mesmo robô enorme surgiu em vários países e pontos dos Estados Unidos e pode nem mesmo ser da Terra.

April é levemente egocêntrica e toma umas atitudes babacas de vez em quando, principalmente para chamar atenção? Sim. Mas é interessante ver seu ponto de vista e estar tão dentro da cabeça de alguém que precisa lidar com uma fama gigantesca em um tempo tão curto – o que acontece com certa frequência agora que a Internet abre essa possibilidade. Falta de controle, manipulação e solidão parecem ser praxe.

Com a confirmação que os robôs vieram mesmo do espaço, outro ponto ganha destaque no livro: a polarização. Tirando, óbvio, o contexto, muitas das coisas poderiam facilmente descrever o que recém-aconteceu no Brasil. Os Estados Unidos basicamente se dividiram em dois grupos – aqueles que viam os robôs como uma ameaça à segurança e clamavam por medidas mais drásticas e o grupo de April, que via uma possibilidade de troca e aprendizagem.

Maya surge desde o começo como contraponto ao jeito de nossa protagonista e é um dos personagens mais bem elaborados da trama. Também pudera: além de roomies, são namoradas. Além dela, destaca-se Andy, melhor amigo que ajuda nas gravações e até assume a narrativa em determinado ponto.

O final ainda abre uma possibilidade de continuação – que até gostaríamos de ver, embora não seja uma leitura tão profunda ou impactante, com aqueles plot twists que te deixam sem chão. Se esse foi o primeiro livro de Hank, já aguardo seus próximos lançamentos com uma expectativa que nunca tive com seu irmão, John Green.

Nota: ⋆⋆⋆½

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Bruna Manfré

não é boa com descrições.

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