A safra de biografias já nos trouxe Bohemian Rhapsody com um Freddie Mercury censurado e The Dirt com sua imersão no famigerado clichê de sexo, drogas & rock’n’roll. “Rocketman”, que estreia na próxima quinta, acertou a mão no meio-termo.
Por um lado, consegue costurar uma história que funciona no cinema, passando por cima de cronologia e se valendo de recursos do absurdo sem medo de parecer lúdico demais, como quando Elton faz a plateia literalmente levitar em seu primeiro show no Trobadour. Por outro, não usa meias palavras na hora de mostrar altos e, principalmente, baixos – grande erro do filme do Queen.
Conhecemos o Elton John dos bastidores, o que precisa subir no palco mesmo com relacionamentos chegando ao fim ou com problemas de saúde. É verdade que Taron nem sempre entrega a carga dramática esperada, mas, no fim das contas, o filme passeia por todos os seus conflitos mais íntimos, desde a infância turbulenta até os relacionamentos, tanto com homens quanto com mulheres.
Além disso, o ator caprichou no trabalho vocal e assumiu o posto de lead singer em quase todas as músicas – sim, o filme é bem cantado. Algumas, como “Your Song”, ganham até um novo tempero na voz de Taron.
Outra dinâmica que chama a atenção é a dele com Bernie Taupin (interpretado por Jamie Bell), seu principal colaborador. A parceria de anos gera momentos leves que dão uma quebra no clima tenso.
Se você é da moda, vale a pena acompanhar os muitos figurinos icônicos, que vão desde a fantasia de Rainha Elizabeth I ao uniforme brilhante dos Dodgers.
Óculos, plataformas, plumas e até a queda de cabelo são retratados com apego aos detalhes, assim como seus problemas com o excesso de álcool, compras e drogas.
“Rocketman” é daqueles filmes para assistir até mais de uma vez, cantar junto e sair com a sensação de que viveu toda uma época.