O músico português Hélio Morais expandiu seu processo criativo da bateria das bandas Linda Martini e PAUS para, também, piano e voz em projeto solo. Assinando o primeiro disco como MURAIS, ele, ao contrário do que o nome poderia indicar, mais aproxima que afasta, com uma obra para ser contemplada, mas também para repercutir.
É um pop sem vergonha de se assumir como tal, com baladas atemporais que versam sobre a (às vezes falta de) comunicação e sobre relacionamentos. Benke Ferraz, do Boogarins, assina a produção e traz ares contemporâneos com beats, samples e sintetizadores em algumas das faixas.
A parceria surgiu de forma bem espontânea, após a turnê do PAUS no Brasil. “Às vezes é mais fácil partilhar intimidade com estranhos”, explicou Hélio. “E estas canções sempre foram muito íntimas para mim, no sentido em que me vejo colocado num sítio desconfortável, mas onde quero estar. Foi assim que, quando estive com os PAUS no Brasil, em maio, decidi mostrar as canções ao Benke, que não sendo um estranho, tinha o distanciamento que achava necessário para ouvir o que tinha gravado. E foi assim que esta aventura começou a tornar-se real”.
Se engana quem pensa que a ponte Brasil-Portugal para por aí. “Marialva”, música que ganhou clipe às vésperas do lançamento do disco, traz uma parceria com Giovani Cidreira.
Mais para o fim dessa jornada, chega um dos grandes achados de “MURAIS”, “Oi Velho”. A música traz um sample de Espelhoz, faixa também produzida por Benke, do pernambucano Paes.
Vale o destaque para a delicadeza e a troca que toma forma no dueto de “Até De Manhã”. Nele, Hélio traz para o álbum a vocalista da Rádio Macau, Xana, numa dicotomia entre força e vulnerabilidade.
Ouça o resultado a seguir: