O profano e o sagrado se fundem no novo clipe de ÀIYÉ

O novo trabalho da ÀIYÉ costura dicotomias. Ela une o sagrado e o profano, busca na poesia do ancestral a sonoridade do futuro. E faz isso de uma forma essencialmente feminina. Daqueles trabalhos pra ouvir do começo ao fim – mas tudo bem se você começar pelo recém lançado clipe para “Pomba Gira / Exu”.

Nele, diferentes versões de exu são representadas numa ótica meio DIY e bem contemporânea. “Esse é talvez o lançamento mais conceitual e profundo que eu já fiz. Escolhi essas músicas juntas para homenagear tanto o Orixá Exu, a quem me refiro na música baseada em um itã da criação que conta como Exú comeu o mundo, digeriu, e depois devolveu tudo pro lugar – se tornando assim o guardião de todas as coisas, dos entres, tudo e nada, justamente por conhecer a essência de tudo que existe. E também a entidade Exu, através das pombogiras, que revelam a força e o poder de se saber mulher”, explicou Larissa Conforto, a multiartista à frente do projeto.

“Elas são a própria revolução feminista, elas revelam as histórias das mulheres que lutaram por si mesmas, desafiando os muros do patriarcado, mesmo que isso lhes custasse a vida. As putas, as trabalhadoras, as mães solteiras, as travestis, aquelas que lutam pra ter direito sobre o próprio corpo. Eu quis trazer uma releitura atual dessas entidades tão fortes e amadas. Quis mostrar pombogiras dos anos 2000, que dirigem suas bikes e andam de coturno. Pra mim, elas guardam o espírito punk/riot grrrl. São as punk brasileiras, a história das nossas marginais, que não serão esquecidas”.

Ambas as faixas integram “TRANSES”, segundo álbum solo da artista, que bebe da fonte de muitas referências, incluindo Clara Nunes, Rosalía, Rodrigo Cuevas, Björk e Djavan. Vale dizer também que ela toca no primeiro dia do Primavera Sound, então já vai se preparando.

Bruna Manfré

não é boa com descrições.

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