Por que o Grammy é um desfavor pra música?

Eu podia juntar mil argumentos para começar esse texto ou dar uma floreada, mas a real é a seguinte: o Grammy é atrasado. E em tantos sentidos que acaba perdendo seu propósito maior – o de fomentar a indústria ao dar prêmios de incentivos aos supostos “melhores do ano”.

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Um grande e claro exemplo disso foi a Beyoncé perder para Adele na categoria de melhor álbum. É atrasado, porque em 2017 ainda existe um preconceito velado em um júri que não consegue reconhecer o óbvio: Adele é perfeccionista e tem uma potência vocal absurda, mas fez um disco que não saiu de seu lugar comum. Até o Bieber teve mais mérito nesse sentido – explorando novos instrumentos e criando um álbum mais completo sonoramente (é, pasmem, eu também não me imaginava defendendo o Bieber anytime soon).

Beyoncé tocou na ferida, e, pelo jeito, acertou onde mais dói. Flertou com country, rock, fez de um tudo e ainda encaixou críticas ao racismo. Empoderou e foi empoderada. Mas aí já não pode, bonito mesmo é sofrer de amor.

A lista de indicados, no geral, é atrasada até mesmo no sentido literal da palavra. Dificilmente encontramos novos artistas, mesmo quando olhamos categorias como a de revelação. Anderson Paak e Chance the Rapper dificilmente podem ser considerados artistas que estão começando agora.

Da mesma forma, as demais categorias estão presas a nomes já consagrados, como o Blink-182 concorrendo a melhor álbum de rock. Em que ano estamos mesmo?

Assim, o Grammy se torna mais um instrumento para amaciar ego que realmente um incentivo à qualidade e criatividade da música hoje em dia. A impressão que fica é que quanto mais enlatado, melhor. Perdem eles – e nós.

Bruna Manfré

não é boa com descrições.

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