Resenha: “Deuses Caídos”, de Gabriel Tennyson

Sempre tive minhas ressalvas com literatura fantástica nacional, tanto pela tentativa de se assemelhar a autores internacionais a ponto de perder a própria identidade quanto pela ambientação fiel pero no mucho em outras partes do mundo. Mas Gabriel Tennyson provou por A mais B que eu não poderia estar mais errada com seu romance de estreia, Deuses Caídos.

O livro foi recém-lançado pela Suma e se passa todo no Rio de Janeiro. O terror, com base na fé e no cristianismo, traz personagens muito conhecidos por nós – passando de São Cipriano até o saci. Tudo em versões que dariam inveja a Alan Moore.

A influência, aliás, fica explícita ao longo do livro, junto com outras, como o filme “Seven”. A história acompanha Judas Cipriano, descendente de São Cipriano e santo com ~gostos peculiares. Ele atua no meio de campo entre a polícia e a igreja para garantir que pessoas “normais” não descubram eventos sobrenaturais, além de fazer uma ou outra exorcizaçãozinha no tempo livre.

Quando nomes da igreja conhecidos por seus atos inglórios são assassinados de forma bem teatral, ele é chamado para assumir o caso com Júlia Abdemi, policial acostumada a ficar nos bastidores, cuidando do trabalho da segurança da tela de seu computador.

Além das gírias, é ótimo perceber como o autor brinca com as palavras ora para acentuar o horror, ora para amenizar detalhes brutos de uma forma que acaba se perdendo em traduções para nossa língua.

Com requintes de crueldade, o fim de “Deuses Caídos” dá brecha para uma continuação – que espero que aconteça.

Bruna Manfré

não é boa com descrições.

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