Resenha: O feitiço dos espinhos – Margareth Rogerson

Eu li esse livro pela primeira vez por volta de setembro do ano passado, em forma de áudiolivro. Comecei porque queria ler alguma coisa, mas não queria parar de jogar Animal Crossing: New Horizons para segurar um livro ou leitor digital e ler propriamente dito. Então achei Sorcerer of Thorns no meu aplicativo de audiobook e decidi dar uma chance. Não estava prestando muita atenção no começo, mas logo fiquei vidrada e até deixava o Switch de lado para ouvir melhor. Quando terminei, estava apaixonada.

O feitiço dos espinhos, como ficou a tradução aqui no Brasil, estava prestes a ser lançado aqui por uma nova editora, a Literalize, com tradução de Sofia Soter. Debati por um instante se devia ou não comprar uma vez que já havia feito a leitura, mas o amor que senti pelos personagens venceu e comprei, decidida a reler em breve.

Foi o que fiz agora em janeiro. 

Nessa fantasia de volume único, acompanhamos Elisabeth, uma aprendiz em uma das seis Grandes Bibliotecas do reino de Austermeer. Essas bibliotecas não guardam livros comuns, guardam grimórios, livros que possuem magia e podem tomar formas monstruosas se provocados ou ameaçados. Tendo crescido na Grande Biblioteca de Summershall, Elisabeth deseja se tornar uma guardiã para poder proteger o reino da feitiçaria, que ela foi ensinada que era algo a ser temido, mesmo que feitiçaria e feiticeiros sejam uma parte importante de Austermeer. Depois de uma sabotagem em sua biblioteca, a aprendiz se ver presa a Nathaniel Thorn, um poderoso feiticeiro, e seu criado, Silas, enquanto viaja até a capital com o objetivo de ser julgada. A partir daí, Elisabeth descobre que as coisas não são exatamente como sempre foi levado a acreditar, e precisa trabalhar lado a lado de um feiticeiro para impedir que algo ainda pior aconteça. 

Vou ser honesta com vocês, sabendo a sinopse, o livro não parece o dos mais interessantes, mas a escrita de Margarath Rogerson é cativante e ela constrói personagens que fazem você se apaixonar. Uma das coisas que eu mais gostei nesse livro, sendo uma futura bibliotecária, é como as bibliotecas e seus livros são retratados como seres vivos, com vontades próprias. Além disso, nossa personagem principal, Elisabeth, não é burra, e toda a conspiração não é esquecida por causa do romance. 

Preciso ressaltar que quando digo que Elisabeth não é burra, isso não quer dizer que ela seja a pessoa mais inteligente do universo e por isso consegue desvendar os problemas que estão acontecendo. Ela é inteligente e sabe que tem algo sendo tramado, e com a ajuda de amigos, não apenas Nathaniel e Silas, trabalha para impedir que isso aconteça. 

Quanto ao romance… Vi pessoas classificando-o como um “romantasia”, quando um livro se passa em um universo fantástico mas serve apenas de pano de fundo para o romance. A primeira vez que vi isso, antes da minha releitura, fiquei meio espantada porque o motivo de eu ter gostado tanto desse livro é que apesar de ter romance, em momento algum ele é o foco da história. Fiquei até receosa em fazer a releitura, achando que eu prestei menos atenção ao áudiolivro do que achei que tinha prestado, mas a curiosidade venceu e agora posso dizer que não concordo com essa denominação, mesmo que consiga ver porquê alguém classificaria assim.

O romance está presente desde o começo do livro, a relação que vai se construindo entre os dois personagens principais, sempre aos poucos, porém, em nenhum momento, como já mencionado, ele passa a ser o centro da atenção da trama. 

Terminei a releitura ainda mais apaixonada pelos personagens, e pelo o universo, mas aqui vale um aviso: se você é daqueles leitores que gosta de ter explicação do porquê as coisas funcionam da forma que funcionam, você não vai ter essas respostas aqui. As coisas só existem dessa forma. Porém, se você está atrás de uma aventura em um mundo bem longe do nosso, com personagens divertidos, uma ideia bem amarradinha e fechada em si, vale a pena dar uma chance para O feitiço de espinhos.

Ah! A tradução está excelente e o trabalho editorial da Literalize está de parabéns.

Nota: ★ ★ ★ ★ ★ 
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Bells Cavalcanti

Fiction is a lie that tells us true things, over and over

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