Na física, massa crítica é a menor massa de um material físsil capaz de estabelecer e manter uma reação nuclear em cadeia. Esse conceito se extrapola e chega na sociologia. Mas brasileiro já tá tão graduado no assunto que dispensa maiores explicações, não é mesmo?
A massa crítica que começou a movimentar o país em 2013 mostrou seu potencial de destruição, principalmente nos últimos anos. Semper Volt, artista pernambucano radicado em São Paulo, pegou esse mesmo ímpeto por mudança, mas o transformou em uma resposta poética à altura e cheia de significado com a faixa homônima que integra o disco “Cristal”.
“Esse grupo de militares que usou Bolsonaro para chegar ao poder agora ameaça golpe toda semana. O plano deles é tentar normalizar essa ‘intervenção militar’, ou seja, golpe, pra quando eles agirem terem mais aceitação, resignação dos que são contra e até apoio de uma meia dúzia de fanáticos e outros que estão ganhando dinheiro com isso. Então eles vão manter o ambiente assim até as eleições, porque estão vendo que Bolsonaro vai perder”, comentou o músico.
“Se uma manifestação popular é violentamente reprimida, o governo tenta justificar a ação da polícia militar. Mas se a resposta é violenta, logo dizem ‘olha lá os vândalos esquerdistas’. Se três ou quatro fazendeiros milionários tocam fogo em metade do Pantanal, não acontece absolutamente nada. Se um motoboy preto põe fogo numa estátua, algo que é muito mais simbólico do que danoso, vai em cana ele, a mulher, só faltou prender o bebê! E logo aparecem os empresários querendo dar dinheiro pra restaurar aquela porcaria. É como se quem se opõe ao governo tivesse que ser santo ou ter sangue de barata. Mas a gente não é a favor de terrorismo ou violência, nem quer que ninguém se machuque. Com o clipe a gente quer dar uma resposta poética a isso tudo, uma sublimação e um acolhimento. O clipe é uma forma de dizer: se você está explodindo por dentro, você não está sozinho”.
Junto à música, feat. com São Yantó, chega agora o clipe feito em parceria com o amigo de longa data Vinicius Prado Martins. Nele, “samples” de explosões reais simbolizam esse turbilhão em ponto de ebulição.