Resenha: Rolling Stones invade São Paulo

Marcos de Paula / Staff Images

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Faltavam 10 minutos para 21:00 e a ansiedade estava incontrolável. Não só eu, mas todos ao meu redor se colocaram em uma contagem regressiva, já que todos sabiam que o show começaria às 21:00.

Deu 21:00 e o show não começou, apenas por volta de 21:15, com todos mais do que ansiosos, as luzes se apagaram e aparece nos telões uma intro psicodélica fazendo todos gritarem até a chegada da banda no palco com Start Me Up. A partir dali foi um desfile de clássicos, um seguido do outro.

Keef e Ronnie estavam à vontade e brincavam com as guitarras com solos que pareciam uma conversa entre os dois. Sem usar pedais, os dois passeavam pelo palco e espalhavam sorrisos sinceros e felizes, mostrando que não estavam mais ali pelo dinheiro que uma tour nova lhes renderia e sim pela diversão e pelo amor que sentem pelo rock.

Uma das surpresas do setlist foi a música Worried About You, em que Mick usa um falsete que eu jamais imaginava que ele faria aos 72 anos de idade. Mas fez, e fez magistralmente, na verdade Mick não escorregou em nenhum momento, dançava compulsivamente e por vezes o público parecia estar mais cansado do que o próprio cantor.

Foto: Marcos de Paula / Staff Images

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Um dos momentos mais bonitos do show foi ver Mick apresentando os integrantes da banda, passando pelos backings, baixistas, metais, até chegar em Ron Wood, que foi recebido com muito carinho pela plateia e retribuiu fazendo corações de todos os tipos, em seguida veio Charlie, discreto como sempre, sem saber muito como agradecer a multidão que explodia gritando “Charlie, Charlie, Charlie”, acenou com os braços com um jeito especialmente tímido e um sorriso encantador. Os gritos para Keith foram ainda mais altos e longos, a multidão mostrou todo carinho que tem pelo guitarrista chamando ele pelo seu apelido “Keef!”. Encantado e simpático, Keef só conseguiu responder “Eu tenho um show pra fazer!”, jogou o cigarro no chão e emendou You Got The Silver e Happy.

Gimme Shelter era uma das músicas que eu mais esperava, nessa turnê a banda levou a cantora Sasha Allen para fazer a parte feminina do som. Sasha se mostrou bem mais discreta que Lisa Fischer, que estava com a banda anteriormente, mas não perdeu em nada na potência vocal. A cantora arrasou quando soltou da voz como um grito enlouquecedor “Rape murder it’s just a shot away“, fazendo jus à gravação original da música.

E o desfile de clássicas continuava no estádio do Morumbi, com Brown Sugar, Sympathy for the Devil que com um clima realmente diabólico fez o estádio todo ecoar “Uhh Uhh” durante toda canção e Jumpin Jack Flash que levou a uma pequena pausa no show.

Foto: Marcos de Paula / Staff Images

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Enquanto não vinha a próxima música, as pessoas diziam uma lista infindável de canções que a banda ainda deveria tocar, mas as duas próximas músicas já estavam certas, eram You Can’t Always Get What You Want, que teve a participação do Sampa Coral e Satisfaction que com certeza exorcizou todos os demônios do estádio do Morumbi.

O show tinha acabado, mas a sensação de todos ali era de que isso não devia acontecer nunca, o show merecia durar semanas, ainda tinham milhares de músicas que eles podiam tocar, mas ao mesmo tempo a sensação era de dever cumprido, vimos uma das maiores bandas de todos os tempos em atividade, uma das bandas que ajudaram a formatar o rock e isso vai ficar marcado para o resto da vida de todos que estiveram ali.

Que fique marcado na história da música: No dia 24 de fevereiro, o Morumbi recebeu um show de rock!

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