Entrevista: Deb and The Mentals e seu “Mess”

Carregado nas influências dos anos 90 e seu rock de garagem, saiu “Mess”, o primeiro disco da Deb and The Mentals. Quer uma dica? Dá o play aqui, vai ser a meia hora mais bem perdida da semana:

O álbum foi gravado no estúdio Costella e contou com a produção de Alexandre “Capilé” Zampieri, praticamente o quinto integrante da banda. Entre as faixas, encontramos ainda as participações especiais de Rick Mastria (Dead Fish e ex-Sugar Kane) e Rafael Brasil (Far From Alaska), do baterista André Dea (Sugar Kane e ex-Vespas Mandarinas) e da baixista Alê Briganti (Pin Ups), que canta com a Deb em “Invisible Twin”.

Claro que aproveitei pra chamar a banda pra uma conversa e a Débora, Guilherme e Giuliano comentaram um pouco sobre a composição do álbum, influências e o que podemos esperar pro resto do ano:

Eu sinto que a cena musical tá num ótimo momento. Cada vez mais a gente tem “exportado” a galera pra festivais e sinto também mais espaço na mídia tradicional. Mas outro dia rebateram que isso não vale pro rock. Qual a opinião de vocês? 
Acho que depende muito. Por exemplo, no Brasil a gente sempre importa as mesmas coisas. sempre Metallica em todos os festivais e etc, mas acho que isso acontece muito porque o Brasil não teve muito contato com essas bandas nos anos 80, demoraram pra vir pra cá. Só que atualmente vem todo ano e todo ano lota. O Brasil é meio atrasado com esse tipo de coisa. Acho que vale a pena trazer grandes bandas de rock, pequenas e novas bandas de rock, mas sobretudo, acho que vale a pena dar mais espaço pras bandas de rock daqui, em grandes festivais. Ainda é muito difícil se você não tem “bons contatos”.

Como funciona a dinâmica de vocês nas composições?
Geralmente são músicas escritas pela Deborah, em letra ou em melodia, que vão sendo passadas para nós, e vamos acrescentando. Na grande maioria das vezes, quem passa o pente fino é o nosso produtor, o Capilé. Que homem! Quando a estrutura está montada, nós ouvimos e mandamos bala no ensaio! E aí vamos vendo o que fica, o que sai, até que chega no formato final. 🙂


Vi que o Capilé também ajudou nas composições. As parcerias também surgiram nesse clima sem pressão ou foi algo mais premeditado?
Nada! Não fazemos nada com pressão. Brincamos que o Capilé é o quinto integrante da banda, porque tudo acaba passando por todos ali. Como ele costuma nos enviar as demos, geralmente tem um dedo dele nas músicas. Algumas músicas ele que nos deu e gravamos. Me ajudou muito para definir as timbragens da guitarra em Mess (Gui aqui). Algumas músicas, como Let You Down, com participação do Rafa (Far From Alaska) e do Rick (Dead Fish), rolaram naturalmente: no dia das guitarras, eles estavam nos acompanhando no estúdio, e rolou o convite, por exemplo.

Rola uma relação “ame ou odeie” com o Hole e principalmente com a Courtney. Com as comparações que estão aparecendo por aí, queria saber o que vocês acham da banda. 

Eu, Deborah, gosto bastante. Não ouço tanto hoje em dia, confesso. Uma vez em uma conversa com o Jack Endino, ele me disse que nos bastidores ela era insuportável e que ninguém tinha paciência. Mas que no palco ela era incrível e cheia de alma, que não tinha como dizer que você não sentia verdade no som e na persona que ela se transformava ali. Bom, é exatamente o que sinto de suas músicas. Escutei bastante na minha adolescência e Hole foi uma das bandas que me impulsionou a querer ter banda.

Sobre as comparações, acho que quando escutam bandas de rock puxando para os anos 90, as pessoas tendem a comparar com Hole imediatamente. Mas vou te dizer que temos influências de diferentes estilos, escutamos de tudo e trocamos figurinhas diariamente de bandas, artistas e, inclusive, os meninos estão em uma onda bem eletrônica. Já eu ando em uma onda pesada (faz uns bons meses), dessa galera: Nick Cave, Pj Harvey, Mark Lanegan, Against Me!…

Falando em vocal feminino, Deb, você sente algum preconceito quando sai em turnê por ser mulher? 

Olha, quando sinto preconceito é ao algum mané que está ali perdido no show e solta um: “gostosa” ou “tira a camiseta”, quando eu escuto esse tipo de coisa eu vou até o cara e o encaro no meio do show e peço para ele repetir, eles nunca repetem. Mas faz tempo que isso não acontece, e se aconteceu eu não escutei.

Já os Mentals nunca faltaram com respeito, muito pelo contrário. Eles costumam ler sobre feminismo, entender sobre e assim como nós mulheres também, andam se desconstruindo.

Como vocês descreveriam o som da Deb and the Mentals para alguém que nunca ouviu a banda? 

O som do Deb and the Mentals é meio que uma mistura de tudo que a gente gosta, claro que essa influência punk rock/90’s/rock alternativo se se sobressai, mas eu descreveria como punk rock alternativo, talvez? haha que pergunta difícil.

Vai ter turnê agora com o lançamento do “Mess”? 

Vai! Mas vamos fazendo meio picado – faz parte do “sem pressão”, rs. Em Abril já temos datas marcadas no RJ, já organizando os shows no Sul em Junho e Nordeste no final do ano, provavelmente. Turnê o ano todo!

O que a gente pode esperar pro resto de 2017?

FESTA!

Bruna Manfré

não é boa com descrições.

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