Faixa a faixa: Marapuama – Marapuama

Em meio a agências e conceitos, já ouvi que frustração é a mãe da criatividade. Estar limitado permite novas perspectivas, caminhos que talvez não fossem explorados com muitos tantos recursos. Pensar no som da Marapuama é meio que isso: uma formação crua e simples que se amplifica em sonoridade.

O mix guitarra plugada direto no amplificador, sem efeitos, junto à bateria com formação básica deu bom. Essa explosão sonora tomou forma em um primeiro disco homônimo, passeando entre referências que vão do rock ao trap.

“Apesar da gente tocar instrumentos que as pessoas têm uma certa ideia do que é, guitarra e bateria, nossa sorte é que a gente consome esteticamente de tudo, desde os anos 40 até trap, sempre tentando refinar a nossa sensibilidade. A gente ouve muita música que não é instrumental, músicas em que a letra é muito forte, como Bob Dylan, Zé Ramalho e Alcione. Como trazer essa vibe que essas pessoas, esses cantores, conseguem passar, trazer essa personalidade pro instrumental?” – Emmanuel Penna

O duo, formado por Thiago Pires e Emmanuel Penna, materializou esse experimentalismo em seis faixas, desenvolvendo uma história para cada, sem um ciclo ou conceito por trás, mas movidos por essa troca criativa.

Confira a seguir um faixa a faixa onde eles contam bastidores e influências por trás desse trabalho:

Intro
Criada a partir da levada de bateria. Bem inspirada no duo californiano Hella, que tem sua parcela de influência na formação que temos. Queríamos começar o show da forma mais intensa e frenética possível e aplicamos essa premissa para o arranjo.

Carlos Bujaru
Essa foi uma das primeiras escritas pela banda. Voltamos a tocar juntos depois de 5 anos e essa parece refletir bem isso. Têm muitos estilos mesclados na estrutura dessa música, testando a direção que iríamos tomar nas próximas composições. O título é em homenagem ao nosso amigo e brilhante músico, MG Calibre.

Delírio
Uma que desafia. Detalhes, dinâmica, atmosfera, estrutura, são todos elementos importantes na execução dessa. Delírio é um excelente termômetro, se não estivermos com o nosso foco em dia, essa música vai apontar isso com sinceridade. Dura, mas muito necessária.

Lose Yourself To Punk
Não é nossa preferência batizar o nome das músicas em idiomas que não seja o nosso de origem, porém, esse tem uma boa história. Estávamos ensaiando numa casa que um grupo de músicos e artistas usavam para trabalhar (gravações, reuniões, ensaios, etc). Generosamente, nos cediam o espaço para ensaio. Numa situação que estávamos repetindo o riff do refrão dessa música diversas vezes, a excelente cantora Anna Suav desce da escada comentando que o tal riff a lembrava muito do hit do Daft Punk “Lose Yourself To Dance”. Aproveitando a situação, demos nossa versão para esse título.

Prole
Ouvimos muito música eletrônica e Hip-hop. Aphex Twin, Wu Tang, Kanye West, Nas e Photek são apenas alguns dos nomes nas nossas playlists. A sensibilidade desses músicos no uso ritmo/frequência é algo fantástico e instrumentistas incorporarem essa sensibilidade não é algo novo: The Roots, Death Grips, Badbadnotgood. É uma área que nos interessa. Prole é a primeira que parte dessa premissa. A primeira de muitas por vir.

Construção
Clima, atmosfera, frequências até chegar na seção ritmicamente densa na metade da música. Sempre apelou aos nossos ouvidos como uma para fechar um disco. Uma para fechar este disco.

Bruna Manfré

não é boa com descrições.

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