“Dormir em um mar de estrelas” foi um tiro (quase) no escuro. Um nome de impacto, uma capa bonita e um autor conhecido foi o que bastou para me fazer topar a empreitada de mais de 800 páginas de sci-fi.
Para quem não reconheceu de cara, Christopher Paolini é o autor de Eragon e de toda a tetralogia Ciclo da Herança. Eragon foi um dos primeiros livros que lembro de especificamente comprar para ler (junto com LOTR), mas confesso que abandonei a tetralogia em algum momento entre lançamentos.
Sem dragões no espaço ou outra base que o autor pudesse utilizar para a criação desse universo, o trabalho foi do zero. E levou tempo: quase uma década inteira. Década essa que ele preencheu com pesquisa, reescritas e um resultado bem original.
Kira, nossa protagonista, é uma cientista que pula de missão em missão para estudar fauna e flora de planetas não colonizados. Em uma dessas empreitadas para estabelecer mais uma colônia humana fora da Terra, ela descobre uma relíquia alienígena. Mezzo armadura, mezzo ser vivo, o xeno (como a própria denomina) se funde a ela e induz ao primeiro contato com vida extraterrestre.
A partir daí, vemos o desenrolar de uma guerra, com questões políticas, corrida pelo poder e reviravoltas. A construção do universo é muito bem feita, com descrições críveis e detalhadas, mas que não chegam a cortar o ritmo da leitura.
Outro grande acerto foram os personagens. Além da própria Kira e dessa relação simbiótica que ela desenvolve com seu xeno, partindo de uma aversão completa a um certo companheirismo, temos a tripulação da Wallfish, nave em que ela acaba embarcada.
Apesar de recorrer a um dos clichês do gênero, com uma tripulação de desajustados que se encaixam entre si (pique Guardiões da Galáxia mesmo), acabamos nos apegando a cada um deles – dos mais durões aos piadistas. Também pudera. Quem carrega um porco e um gato como mascotes em uma nave não podia ser má pessoa, não é mesmo? Com um final tão grandioso quanto o prometido (talvez um pouco demais), “Dormir em um mar de estrelas” é daquelas histórias que te seguram até o último instante e, abençoado seja o autor, realmente tem começo, meio e fim, não recorrendo ao famigerado gancho para o próximo livro ou deixando questões a resolver.
Nota: ★★★★½
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