Shots #1 Rafael Beck

Led Zeppelin, Ramones, Sex Pistols e AC/DC… Essas e tantas outras bandas foram eternizadas pelas lentes de Bob Gruen, um dos maiores (e melhores) fotógrafos de show. Basta dar uma pequena olhada no currículo do cara que a gente percebe que não se trata só do equipamento ou da luz certa, apesar disso fazer a diferença.

É capturar um momento, uma visão pessoal de fã e profissional. E para quem cogita a ideia de largar tudo e pegar a estrada com as bandas, vale dar uma lida na “Shots”, série que traz um pouco do que é a profissão.

Para começar, convidamos o Rafael Beck, que já fotografou de Bob Dylan e Aerosmith a Blur e The Hives:

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Como ou quando você decidiu que queria fotografar shows?

Foi algo que meio que surgiu na minha vida. Eu vim do Rio Grande do Sul para trabalhar como Designer em uma agência de São Paulo. Depois de algum tempo, já como Diretor de Arte, fui contratado pela Mondo Entretenimento, uma produtora de shows. Passei a trabalhar com o tema, música, shows e entretenimento de uma forma geral. Dentro da Mondo cheguei até a posição de Diretor de Criação e nessa área comecei a desenvolver meu olhar para fotografia, sempre próximo de grandes profissionais e de referências muito boas. Comecei experimentando, como exercício, e aos poucos foi se tornando a atividade principal, até que fotografar shows se tornou minha grande paixão dentro da fotografia, junto com meus projetos autorais.

As coisas são como você imaginava?

Em geral posso dizer que sim. Justamente por eu ter começado por outro caminho, sempre conheci muito bem a realidade desta área. Embora seja uma área que sofra mutações constantes, principalmente pelos avanços tecnológicos, fotografar shows e trabalhar com música se mantém quase com o mesmo espírito. A maioria dos profissionais envolvidos nesse tipo de trabalho é apaixonada pelas imagens que se pode ter. Você trabalha muito mais por amor do que para ter uma estabilidade financeira.

O que você acha que faz uma boa foto de show?

Para mim o que caracteriza uma boa foto de show é você conseguir transmitir a essência daquele momento, passar com verdade a emoção que você mesmo, como fã e fotógrafo, está sentindo no momento daquele registro. Mais do que uma referência de ângulo, enquadramento e luz, a foto de show tem que passar uma emoção vista através dos olhos do fotógrafo, mas que ao mesmo tempo vai ser capaz de gerar uma resposta que vai além da plasticidade na pessoa que observa a fotografia. É quase uma transmissão elétrica de sensações através da imagem.

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Qual a coisa mais inusitada que já te aconteceu fotografando?

São muitas as histórias, fica até difícil escolher uma. Mas se fosse para colocar no primeiro lugar do ranking escolheria uma que é mais história, para mim, do que inusitada… Ou talvez seja bem inusitada, hahahaha. Foi quando estava trabalhando na cobertura do show do Bob Dylan, no antigo Via Funchal. Estava próximo do horário do show, e aquele corre-corre rolando, todo mundo tenso por estar próximo de uma lenda da música. Eu havia chegado um pouco atrasado e fui correndo por trás do palco, utilizando as escadas de acesso de serviço. Subindo como doido de cabeça baixa quando me deparo com o próprio Bob. Sozinho, na saída de uma das escadarias. Foi um choque, na hora todo meu vocabulário em inglês travou, baixei a câmera e caminhei lentamente para trás, para dar espaço para ele, que me deu uma olhada sem esboçar nenhum sinal de aprovação ou desaprovação. Ele começou uma espécie de ritual de alongamento. Foi algo de inusitado, sem dúvida. Diria que foram os dois minutos em que senti como seria ficar em apneia. Não respirei novamente até que ele terminasse o ritual e por fim passasse por mim na escadaria. Ficou na memória.

Pensando em termos de fotografia, qual seu clipe preferido e por quê?

Gosto muito do clip do Die Antwoord “i fink u freeky”.  Acho a fotografia maravilhosa, ângulos, cor. Gosto muito. Adoro visual mais P&B.

Confira as outras fotos dele aqui!

Bruna Manfré

não é boa com descrições.

Um Comentário:

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