Teatro: “Brilho Eterno” de uma produção bem feita

Não tem quem fique imune ao “Brilho Eterno”. O filme (quase) homônimo da peça, clássico instantâneo de Michel Gondry estrelado por Jim Carey e Kate Winslet, trata da possibilidade de apagar totalmente uma pessoa da memória. Tentador, mas com seus efeitos colaterais.

Entre uma história não linear, efeitos especiais e muitos flashbacks e cutaways, que é quando entra uma imagem em meio à ação para dar aquela contextualizada e/ou intensificar, ficou a dúvida: como essa adaptação poderia funcionar para o teatro?

A peça de Jorge Farjalla, em temporada curta no Teatro Procópio Ferreira (SP), usa o roteiro a seu favor em texto adaptado, atual e assertivo. Criando paralelos entre amor e COVID, nos questionamos se o sentimento é “um sintoma que exige um tratamento pontual ou um mal autoimune que requer cuidados durante toda a sobrevida”.

“Tenho refletido ultimamente sobre o quanto será importante fazer teatro desta forma, falando sobre amores e dores, com leveza e humor em certos momentos. A pandemia tem nos mostrado diariamente a importância dessas relações para o todo” – Jorge Fajalla

Apesar de Joel e Clementine servirem como inspiração para os personagens principais, Jesse (Reynaldo Gianecchini) e Celine (Tainá Müller) trazem uma nova história e uma ruptura importante em relação ao filme. Celine tem mais protagonismo, mais voz, e, de certa forma, está mais presente, em atuação impecável da atriz.

Wilson de Santos, Renata Brás, Fábio Ventura e Tom Karabachian transitam entre personagens e trazem leveza e humor à fórmula. Destaque também para a cenografia, com seu palco móvel que contém tudo e todos, e para a trilha sonora, com direito a uma versão ao vivaço de “Everybody’s Gotta Learn Sometime”.

Brilho Eterno” segue, ironicamente, até o dia 12 de junho. As sessões acontecem todas as sextas (21h), sábados (17h e 21h) e domingos (18h), com ingressos a partir de R$ 35 na própria bilheteria do teatro ou pelo Sympla.

Bruna Manfré

não é boa com descrições.

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